Há um divórcio entre o que a sociedade e os cidadãos demandam da política e o que a política e os políticos oferecem. Este não é só um divórcio causado por interesses opostos e carência de vontade. É também um divórcio entre a capacidade de governo e a complexidade dos problemas de governo e o produto de um abismo entre a política e as ciências sociais, entre a prática e a teoria
A baixa capacidade de governo, que domina a política, é a baixa capacidade para processar os problemas reais. O imediatismo e a improvisação política, sob o pretexto da experiência, da arte e da intuição, trabalham com mal-estares imprecisos e com soluções preconcebidas, geralmente copiadas de outras experiências. O governante tradicional não trabalha com problemas. Trabalha com soluções, mas a sociedade vive problemas.
Por sua vez, estas deficiências têm sua origem no distanciamento entre a política e as ciências, ou seja, entre a prática e a teoria. Portanto, se faz urgente fundamentar a política prática em uma nova disciplina transversal, que se pode chamar Ciências e Técnicas de Governo, com o intuito de contribuir para elevar a capacidade de governo dos dirigentes e organizações; e também de modernizar a política para atuar no contexto altamente complexo em que vivemos.
A arte da política e do governo supõe dotes pessoais. Mas, em boa medida, tais dotes são potencialidades que podem ser desenvolvidas e alimentadas mediante o conhecimento de métodos e técnicas apropriadas.
Precisamente, este Curso de Pós-Graduação: Direção Estratégica e Governo se fundamenta na hipótese de que é possível estimular os dotes pessoais do dirigente político mediante a formação em Ciências e Técnicas de Governo.
Essa formação não pode substituir nem criar a dose de arte que requer a política, mas é um caminho para profissionalizar e potencializar a arte do político e melhorar a qualidade do extrato tecnopolítico que lhe dá suporte.